SAF é a abreviação de Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo, doença autoimune em que o indivíduo produz anticorpos contra fosfolipídeos, substâncias presentes na membrana das células do corpo. A doença pode ocorrer de forma isolada ou associada a outras condições autoimunes, sendo a combinação mais comum o lúpus eritematoso sistêmico.

O diagnóstico da doença exige a presença de sinais clínicos (tromboses recorrentes e perdas fetais de repetição), associados à detecção dos anticorpos através de exame de sangue (anticoagulante lúpico, beta-2-glicoproteína 1 e anticardiolipina).

Trombose é o aparecimento de um coágulo que obstrui o fluxo sanguíneo, seja arterial ou venoso. As tromboses venosas ocorrem principalmente nos membros inferiores, chamadas de tromboses venosas profundas. Essas causam dor, edema e empastamento da panturrilha acometida, além de poderem complicar com a embolia pulmonar, quando o coágulo se desprende e circula até obstruir um vaso do pulmão. Nesse caso, o paciente queixa-se de dor torácica e falta de ar. Porém, as tromboses podem ocorrer em qualquer local, como em vasos arteriais cerebrais, levando ao acidente vascular cerebral, conhecido leigamente como “derrame”.

Na gestação, a SAF pode causar abortos de repetição, principalmente no primeiro e segundo trimestres da gestação, além de eclampsia e pré-eclâmpsia, condição caracterizada por edema dos membros inferiores, aumento da pressão arterial, sofrimento fetal e perda de proteína na urina, que pode ou não ser associada à crise convulsiva. O risco desses eventos ocorrerem em uma paciente com SAF não tratada é de 80%.

Dessa forma, pacientes jovens com história de tromboses não justificáveis e/ou abortos de repetição devem procurar um Reumatologista ou Hematologista para investigação dessa síndrome e outras doenças genéticas que podem causar essas condições clínicas (trombofilias hereditárias).

Pacientes com SAF podem ainda apresentar enxaqueca de difícil controle, úlceras de difícil cicatrização dos membros inferiores, lesão de pele com aspecto marmóreo (livedo) nos membros e plaquetas baixas de forma leve a moderada (em torno de 50 a 100 mil), não associadas a sangramento.

O tratamento dessa doença varia de acordo com os sinais clínicos que o paciente apresenta. É possível ser portador dos anticorpos e não ter sintomas. Nesse caso, o tratamento envolve apenas o controle de fatores de risco para trombose, como o a obesidade, colesterol elevado, diabetes, hipertensão e o tabagismo.

Quando o paciente tem histórico de trombose venosa ou arterial, o tratamento é realizado com anticoagulação com warfarina pela vida toda. Exames de sangue seriados são necessários para manter um índice chamado INR no alvo desejado.

Pacientes somente com complicações gestacionais, fora da gestação, não precisam de anticoagulação e são tratadas somente com aspirina preventiva. Ainda existe o acompanhamento específico durante a gestação, que deve ser feito com Reumatologista e Obstetra que tenha experiência com a doença.

Esse texto é informativo e não substitui a consulta médica. Informe-se sempre, porém não deixe de seguir as recomendações do seu médico assistente.

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